segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Bat For Lashes | A Wall

A inglesa Natasha Khan, a.k.a. Bat For Lashes, tem um novo vídeo. «A Wall» é já o terceiro vídeo promocional do excelente álbum «The Haunted Man». A realização ficou a cargo de Noel Paul.

Kudos

Benjamin Biolay continua a sua demanda pop, em registo sussurrante (por via da sua voz grave e rouca) e tempero chanson française. No novo trabalho «Vengence» vemo-lo a dar mais um passo seguro na sua caminhada nouvelle chanson, com retratos da tradicional chanson em filtros popMarlène Déconne» e «L’Insigne Honneur»), rock Le Sommeil Attendra»), hip hopBelle Époque (Night Shop #2)» e «Ne Regrette Rien»], folk Personne Dans Mon Lit» e «Confettis»), electro Sous Le Lac Gelé» e «L’Insigne Honneur»), brit popTrésor Trésor») e, também, em elementos mais sinfónicos («Venganza» e «La Fin De La Fin»). Tudo muito bem condimentado pelo espírito indie de Benjamin Biolay. «Vengence» conta, também, com a preciosa participação de Vanessa Paradis, no soberbo «Profite». Em «Sous Le Lac Gelé» ouvimos o francês a cantar com a designer Gesa Hansen e em «Confettis», tema que encerra o disco, é Julia Stone do colectivo Angus & Julia Stone a convidada. Colaborações e canções que mostram um "chantauteur" confiante e atento ao que vai sendo produzido na pop da actualidade. «Vengence» não será a melhor entrega de Benjamin Biolay, mas é um trabalho luminoso, colorido e repleto de energia.

"Pesada, mas bonita"

Se há banda que me surpreende pela sua longevidade e integridade, essa banda terá que ser os Deftones. Os norte-americanos, carimbados à nascença com o selo do nu-metal, cresceram com os sons de 90, mas cedo souberam adaptar-se às correntes e moldar o seu som às várias dinâmicas metal. Rock experimental para uns, post-grunge para outros e alternative metal para muitos, a música dos Deftones continua a desafiar-nos com estruturas dinâmicas e estridências pop. Como o próprio Chino Moreno (vocalista) afirma: “É pesada, mas bonita”. «Koi No Yokan», que é como quem diz “premonição de amor”, é já o sétimo trabalho da banda de Sacramento e o segundo a não contar com o contributo do baixista Chi Cheng (que continua a recuperar de um grave acidente de viação ocorrido em 2008). Este é, também, o disco que nos mostra os melhores Deftones desde «White Pony» (2000). O som é visceral, mas sonhador (ouçam-se «Entombed», «Rosemary» e «What Happened To You?»). A toada é agressiva, mas extremamente melodiosa («Swerve City», «Leathers» e «Tempest»). Canções com a cara de 90, mas pensadas para o novo milénio. Notam-se mais elementos pop (os sintetizadores em «Entombed» são de destaque) e a identidade provocadora e áspera da banda mantém-se. Os Deftones estão de regresso, estão vivos e recomendam-se.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Change Of Heart

A sueca Sarah Assbring, a.k.a. El Perro Del Mar, está diferente. Se nos primeiros trabalhos a ouvíamos melancólica e a lamber algumas feridas (“I lost the blues for you”, em «Coming Down The Hill», ou “This loneliness / Ain’t pretty no more / Loneliness / Only taking a place of a friend”, em «This Loneliness»), agora as suas composições mostram-se mais upbeat e combativas (“Does it take a foreign place / Don’t want to feel lonely / Don’t want to feel lonely / Take it step by step / For a little moment / Don’t want to feel lonely / Don’t want to feel”, em «To The Beat Of A Dying World»). A música de El Perro Del Mar mantém a cara indie, maquilhagem agridoce e expressão pop de câmara (via Kate Bush). Porém, «Pale Fire», disco inspirado pela house music e pelo trip hop de 90 (as preferências de Sarah Assbring nessa época), é mais que isso. As novas canções mostram-nos uma nova faceta de El Perro Del Mar: assimilam-se cadências Sade, misturam-se texturas Massive AttackWalk On By»), exploram-se produções DFA, com a orientação Hercules & Love AffairI Carry The Fire»), sondam-se ritmos reggae Love In Vain»), harmonias mais quentes («Hold Off The Dawn») e segue-se o modus operandi Arthur Russell («Home Is To Feel Like That»). Abrem-se novos e interessantes caminhos. Ambientes espaciais e outonais. Canções mais sofisticadas que nalguns momentos podem acusar alguma falta de direcção («Love Confusion»). Contudo, este novo «Pale Fire» é bem simpático, chegando mesmo a ser mágico em algumas ocasiões.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Night & Day

«One Second Of Love», o segundo trabalho da norte-americana Nite Jewel, a.k.a. Ramona Gonzalez, é um dos discos outsider de 2012. Pop com heranças de 80 e ambientes escuros que conferem um certo mistério à música de Nite Jewel. Uma mistura tremendamente pop que tanto pisca o olho aos Yello, como segue de perto a synth pop de uns Visage e o som mais polido de uns Eurythmics. Canções suaves e sedutoras que me levaram à Galeria Zé dos Bois, há já uns meses, para ver e ouvir Nite Jewel em palco. A sala resultou e o público até se mostrou danado para a dança, mas «One Second Of Love» foi apresentado de forma indolente e excessivamente descontraída. O que em disco nos seduz, em palco simplesmente não funcionou. Mas atenção, o álbum é mesmo muito bom. «This Story», «One Second Of Love», «Mind & Eyes», «In The Dark», «Memory, Man» e «Autograph» são algumas das canções mais doces de 2012. Julia Holter dá uma ajudinha nas vozes (em «One Second Of Love», a canção, e «Mind & Eyes») e DâM-FunK também surge na ficha técnica (sintetizadores e piano eléctrico em «Autograph»). Lá pelo meio do glamour e da sumptuosidade pop, existe ainda tempo para momentos mais calmos e etéreos. Se «Unearthly Delights» e «No I Don’t» podiam ter sido melhor acabados, «Clive», o tema que encerra o disco, é pura sedução (via Kate Bush). Nite Jewel tem talento, mas aquela noite na Galeria Zé dos Bois deixou-me de pé atrás. Ainda assim, a esperança é que me volte a surpreender num futuro próximo (se possível tanto em disco, como em palco).

domingo, 23 de dezembro de 2012

Where I End and You Begin

Se em 2011 os Wolf Parade anunciaram uma paragem por tempo incerto, já este ano ficámos a saber que tanto os Wolf Parade, como os Handsome Furs, dois projectos do canadiano Dan Boeckner, chegaram mesmo ao fim. No entanto, o cantor, compositor e guitarrista, rock ‘n’ roller incapaz de ficar quieto, logo seguiu caminho com os Divine Fits, um projecto que havia esboçado com o não menos inquieto Britt Daniel, dos Spoon. Chamaram Sam Brown, baterista dos New Bomb Turks, e seguiram para estúdio, em Los Angeles, com o produtor Nick Launay e o músico Alex Fischel para gravar as composições de Britt Daniel e Dan Boeckner. As gravações decorreram entre Março e Maio de 2012 e o resultado foi o excelente debut álbum «A Thing Called Divine Fits». Onze canções frescas e de alma rock adubadas por indiegente com queda para a pop. Mas o que mais me agrada nestes Divine Fits é poder encontrar as cadências e as texturas menos óbvias dos Spoon («Flaggin’ A Ride», «Would That Not Be Nice») misturadas com a exuberância dos Wolf Parade («What Gets You Alone», «Baby Get Worse») e o revivalismo dos Handsome Furs («My Love Is Real», «For Your Heart»), sem deixar de sentir a frescura e a novidade de ouvir as fabulosas canções da nova banda de Britt Daniel e Dan Boeckner.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Jessie Ware | Sweet Talk

A britânica Jessie Ware tem novo vídeo. «Sweet Talk» é mais uma canção retirada do seu excelente debut álbum «Devotion». O vídeo é realizado por Joel Wilson.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Tramp Power

A edição de «Tramp», o terceiro álbum de Sharon Van Etten, não foi fácil. Depois de se estrear com «Because I Was In Love» (2009) e ter lançado «Epic» (2010), um LP que mais parecia um EP, a singer-songwriter de New Jersey, a residir em Brooklyn, assinou pela Jagjaguwar, mas foi com a ajuda de Aaron Dessner, dos The National, que conseguiu concluir o seu mais recente trabalho. Dressner disponibilizou a garagem transformada em estúdio para as gravações e produziu «Tramp», disco que conta, também, com a preciosa colaboração de alguns amigos de Van Etten, como Zach «Beirut» Condon, Julianna Barwick, Bryce Dressner (irmão de Aaron e seu companheiro nos The National), Thomas Bartlett (a.k.a. Doveman), Jenn Wasner (Wye Oak) e Matt Barrick (baterista dos The Walkmen). Nomes que enriquecem o álbum e alavancam as “angústias” que Sharon Van Etten carrega na voz cristalina e nas texturas folk das suas canções. Sonoridades aveludadas, assentes na melancolia Mazzy Star e na atitude rock de PJ Harvey, que não esquecem a vertente mais tradicional da folk (Kurt Vile e os The War On Drugs também andam por aqui), nem a pop confessional e outonal dos The Antlers. O resultado é excelente. «Tramp» oferece algumas das canções mais introspectivas que 2012 viu nascer («Serpents», «Give Out», «All I Can», «We Are Fine», «Magic Chords», «Ask» e «I’m Wrong» são as preferidas). Situação que fica ainda mais à vista no CD extra, intitulado «Tramp Demos», que acompanha a edição especial e deluxe do disco.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Oceano de heranças cor-de-laranja

Chegou tarde, mas chegou. O disco mais referenciado e falado neste final de 2012 infiltrou-se no meu dia-a-dia e a fusão neo funk em cenários R&B e enredo soul que tanto nos deu pela mão de D’Angelo, corria o ano de 2000, baralha a sua aparente ordem. Corro em busca de «Voodoo», de «Brown Sugar» e de todos os outros discos da escola soul meets rhythm & blues and funk que fui levado a procurar no início dos anos 00. De Prince a Stevie Wonder, passando por Marvin Gaye e Curtis Mayfield. Ainda assim, «Channel Orange», o disco de Frank Ocean, acaba por encostar-se também à mistura hip-hop Vs. R&B Vs. pop que tem em Kanye West, Outkast e Jay-Z os seus expoentes máximos (não duvido que Kanye West tenha perdido algumas noites de sono depois de ouvir «Pyramids», uma das canções mais fortes de 2012). Mas Frank Ocean não fica por aqui e à medida que nos vamos perdendo no colorido oceano de «Channel Orange» sentimos a necessidade de recuperar o início do colectivo UNKLECrack Rock»), o concentrado pop de Jamie WoonKelisLost»), o groove dos The RootsMonks»), a sensualidade de André 3000Pink Matter») e as engenharias N*E*R*D via The Beatles («Super Rich Kids»). O que nos trás então Frank Ocean de novo? Após uma mixtape em 2011, com muitas e boas razões para lhe seguirmos os passos, «Channel Orange» revela um compositor que acima de tudo assimila as heranças certas para construir um R&B contemporâneo, feito de produções alternativas e, igualmente, apelativas («Thinkin’ ‘Bout You» é irresistível). Um singer-songwriter sem medo de se expor («Bad Religion» merecia o prémio!) e danado para nos fazer balançar («I Wanna See Your Pom Poms From The Stands / Come On Come On», em «Forrest Gump»).

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Ain't No Sunshine

O último ano e meio tem sido produtivo para David Eugene Edwards (DEE) e os seus Wovenhand. No final de 2011 editaram «Black Of The Ink» (2011), um livro de 110 páginas feito com ilustrações e textos manuscritos pelo próprio DEE das suas composições Wovenhand. Trabalho acompanhado por um EP com novas versões para seis canções da banda, cada uma retirada de um dos seus seis álbuns de originais. Já este ano entregaram-nos «Live At Roepaen», CD e DVD que nos dá a possibilidade de ver e ouvir os Wovenhand no altar de uma velha igreja, em Ottersum, Holanda, a pregar os ensinamentos alternative country rock bíblico de DEE. Actuação registada a 14 de Dezembro de 2010, uma semana depois da passagem dos norte-americanos pelo Santiago Alquimista, a 7 de Dezembro. Mais recentemente foi revelado «The Laughing Stalk», o sétimo disco de originais e, muito provavelmente, o mais pesado da banda de Denver, Colorado. Dez anos passaram desde a estreia com «Woven Hand», mas DEE continua a inspirar-se nas liturgias do Velho e do Novo Testamento para compor as suas celebrações sagradas («King O King» e «Maize» parecem rituais xamânicos). Pascal Humbert, um dos membros fundadores dos Sixteen Horsepower, voltou a deixar DEE e novos membros foram recrutados (Gregory Garcia Jr. para o baixo e Chuck French para a segunda guitarra). No entanto, a música mantém a sua identidade folk e temperamento rock progressivo, seguindo de perto os sombrios ambientes Joy Division, a densidade Mark Lanegan Vs. Nick Cave e a veemência Tool (em 2010 os Wovenhand andaram em digressão com a banda de Maynard James Keenan). Visões apocalípticas e cânticos religiosos que DEE continua a apregoar com a sua banda de suporte. Música intensa que será abençoada pelos crentes habituais.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Ansiedade da influência

Diz-se que são os novos Radiohead. Os Alt-J (D) são britânicos e apostam numa sonoridade indie rock, com aromáticas ligações às electrónicas, mas a sua música não tem nada de Radiohead. Identificamos as texturas rock e o engenho indie, mas as electrónicas e as suas distintas cadências folk acabam por aproximar este quarteto mais da sedução hipnotizante Wild Beasts (ouçam-se «Intro» e «Taro») e das irresistíveis harmonias Fleet Foxes. Aproximações de louvar, registe-se, que se dispõem ao lado do universo The Good, The Bad & The Queen. Projecto britânico que, entre 2005 e 2007, reuniu o génio de Damon Albarn, as ideias rítmicas de Tony Allen, as vivências Paul Simonon, o shoegazing Simon Tong e as engenharias Danger Mouse. Os Alt-J são tudo isto, mas ainda condimentam as suas canções com a frescura pop Vampire WeekendDissolve Me») e a eloquência The xxMS» e «Bloodflood»). Influências e mais influências que ganham força nas vocalizações esquizofrénicas e sombrias de Joe Newman («Fitzpleasure» é paradigmática). Voz que pode causar a mesma estranheza da descoberta Clap Your Hands Say Yeah (voz de Alec Ounsworth), ou mesmo dos The Smashing Pumpkins (Billy Corgan). A conjugação de todos estes dados conferem um aspecto experimental e/ou desafiador às composições dos Alt-J. Daí as comparações aos Radiohead? Tudo leva a crer que sim. Por isso, é perfeitamente natural este entusiasmo em ouvir novas canções Alt-J. Temas como «Breezeblocks», «Something Good», «Tessellate», «Matilda» e «Fitzpleasure», incluídos no debut álbum «An Awesome Wave», a isso nos obriga.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Dirty Projectors | Offspring Are Blank

Os Dirty Projectors têm novo vídeo. «Offspring Are Blank» é o tema que abre «Swing Lo Magellan», o excelente disco que a banda norte-americana editou em 2012. O vídeo é retirado do documentário «Hi Custodian», outro projecto de 2012 dos Dirty Projectors.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Ekstasis

Numa altura em que as listas de final de ano começam a mostrar-se, «Ekstasis», a proposta de 2012 da norte-americana Julia Holter, devia ao menos ficar reconhecido como o disco mais desafiante do ano. Música de câmara e alma etérea que tanto procura o repto pop Arthur Russell, em universos “Lynchianos”, como a experimentação Laurie Anderson e a elegância Julianna Barwick. Elementos que fogem do formato pop mais standard, mas que nos abrem novos caminhos para a música contemporânea. «Ekstasis» é uma continuação natural do debut álbum «Tragedy», de 2011. Aliás, julgo ser impossível falar de «Ekstasis» sem olhar para a extraordinária “tragédia grega” que Julia Holter nos ofereceu no ano passado (outra descoberta deste ano de 2012). O facto é que os discos acabam por complementar-se. Além da evidente familiaridade artística, «Tragedy» é inspirado na peça «Hipólito», de Eurípides, e o título «Ekstasis» é um termo grego para identificar um estado de espírito conflituoso (“fora de si mesmo”).
Ambos os discos são feitos de texturas celestes, misturando electónicas com elementos clássicos e outros mais pop. «Tragedy» é uma obra densa e negra e «Ekstasis» um disco mais acessível. Música atmosférica e de definições híper-sónicas que deixa marcas e mostra-nos uma saída avant-garde para a pop dos dias de hoje.

Allelujah, Allelujah!

«Allelujah! Don’t Bend! Ascend!», o novo álbum dos Godspeed You! Black Emperor (GY!BE), surge dez anos após «Yanqui U.X.O.» e numa altura em que já nos tínhamos habituado à ausência da banda canadiana. É certo que o colectivo regressou aos concertos em 2010, mas até à edição do disco nada previa a edição discográfica. No entanto, o que realmente interessa é que os GY!BE estão de regresso e continuam em grande forma. O novo disco é composto por quatro temas, sendo que «Mladic» e «We Drift Like Worried Fire», os mais extensos, resultam de regravações de «Albanian» e «Gamelan», duas peças que a banda apresenta ao vivo desde 2003. A música dos GY!BE continua visceral e instrumental. Não há poesia. Não há “cantorias”. Não há palavras mansas. O som é cru e ainda bem. Foi assim que me seduziram em 2000, com o estrondoso duplo álbum «Lift Yr. Skinny Fists Like Antennas to Heaven!» e é do mesmo modo que me continuam a aquecer com este «Allelujah! Don’t Bend! Ascend!». «Mladic» é um dos temas mais pesados e igualmente mais persuasivos dos GY!BE. Rock rude, construído em crescendo, com samples a evocar o genérico da série «Homeland» e uma secção de cordas a levar-nos até ao Médio Oriente. «Their Helicopters' Sing» resulta quase como um carregar de baterias, um interlúdio feito de feedback que nos permite enfrentar mais vinte minutos de riffs e percussões em modo montanha russa, em «We Drift Like Worried Fire». «Strung Like Lights At Thee Printemps Erable», o último momento do disco, é já a fase de descontracção e dos alongamentos. Os GY!BE continuam, portanto, a ser um oásis na música actual. Constroem temas a partir de ondas sonoras, turbilhões de riffs e muito feedback. Musicam um deserto áspero e procuram adicionar-lhe elementos políticos, propagando, ainda que de forma controlada, uma anarquia musical difícil de simular. Os GY!BE estão de regresso aos discos. Allelujah, Allelujah!

domingo, 9 de dezembro de 2012

EELS | Peach Blossom

Mark Oliver Everett, a.k.a. E, prepara-se para editar mais um disco da saga EELS. «Wonderful, Glorious» chega às lojas em Fevereiro de 2013 e este «Peach Blossom» é o seu single de apresentação. O vídeo é realizado por Andrew Van Baal.

sábado, 8 de dezembro de 2012

M83 | Wait

«Hurry Up, We're Dreaming», o extraordinário trabalho do projecto M83, editado em 2011, tem novo vídeo. «Wait» é a terceira e última parte da parceria visual com a dupla de realizadores Fluer & Manu. Trilogia composta pelos vídeos de «Midnight City», «Reunion» e este «Wait».

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Glamorous Indie Rock And Roll

Qual é a banda, qual é ela, que mistura na perfeição o rock psicadélico de finais de 60 e inícios de 70, com a pop distinta The Beatles, cadências The Beach Boys e os sonhos prog-rock contemporâneos The Flaming Lips e MGMT? A solução para este enigma melómano é Tame Impala. Banda australiana que editou, em 2010, o soberbo álbum de estreia «Innerspeaker» e regressou este ano aos discos com o não menos espectacular «Lonerism». O novo trabalho volta a contar com as engenharias dream-pop de Dave Fridmann e, só por isso, parte do meu entusiamo fica explicada. No entanto, e depois de ouvir «Lonerism», concluo, uma vez mais, que estes Tame Impala são mesmo muito bons. Kevin Parker, o compositor, cantor e produtor, volta a construir texturas densas (ouça-se «Why Won't They Talk to Me?»), canções glam rockElephant», o primeiro single, fica a meio caminho entre o stoner rock dos Queens Of The Stone Age e o psicadelismo da fase «Abbey Road» dos The Beatles) e melodias extremamente sedutoras («Feels Like We Only Go Backwards», outro single, é rock lânguido, mas irresistível). Neo-psychedelia com perfume aussie-pop? Por que não. O certo é que «Lonerism» é uma das melhores propostas rock da actualidade e um dos discos mais importantes de 2012.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Natasha

É com «Lilies», uma belíssima canção que pisca o olho às definições sombrias This Mortal Coil, que Natasha Khan, a singer-songwriter britânica que se apresenta como Bat For Lashes, abre «The Haunted Man». Este é o terceiro trabalho Bat For Lashes, o qual sucede aos aplaudidos «Fur And Gold» (2006) e «Two Suns» (2009), mas Natasha Khan continua a sua glamorosa viagem synth-pop pelos saudosos anos 80 (ouçam-se, por exemplo, «Oh Yeah», «Marilyn» e «A Wall»). As novas canções são mais cruas e os seus trajes mais curtos. O resultado é íntimo e afectivo, evocando nomes como Kate Bush, Tori Amos e Björk. Nada de novo, portanto. Ainda assim, «The Haunted Man» vem adicionar mais brilho ao já cintilante cancioneiro Bat For Lashes. Natasha Khan deixou cair alguns dos ornatos garridos do passado, é certo, mas as suas composições mantiveram as texturas pop e cresceram. «Laura», o primeiro single, pode não ter a sofisticação de «Daniel» (o single que apresentou o anterior «Two Suns»), mas o seu tom pessoal e nostálgico dá-lhe a força suficiente para ser uma das canções mais fortes de 2012. E se «All Your Gold», o segundo single, tem o groove necessário para se relacionar com as anteriores propostas discográficas do projecto, «Rest Your Head», um provável single, mostra-nos que as cadências mais dançáveis não ficam esquecidas. Assombroso, melancólico e sonhador. Este é «The Haunted Man», o novo disco de Bat For Lashes.

Benjamin Biolay | Aime Mon Amour

Benjamin Biolay está de regresso aos discos de originais e aos vídeos. «Vengeance» é o sexto trabalho do francês e este «Aime Mon Amour» é o seu primeiro single.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Friday night fever

Foi com «Backseat Freestyle», uma das canções mais fortes de 2012 e de «good kid, m.A.A.d city», o trabalho do rapper norte-americano Kendrick Lamar, que Adam Bainbridge, o homem que se esconde por detrás das sonoridades Kindness, decidiu incendiar o público que se apresentou na passada sexta-feira no Lux. A música Kindness não necessita de elementos extra para aquecer o quer que seja, mas ficou claro que Adam Bainbridge faz tudo para promover a sua música, como, também, os nomes que o influenciam na hora de escrever canções e criar ambientes  (directamente do seu i-pod ouviram-se Kendrick Lamar e Beyoncé). Composições orgânicas, com queda para o disco sound, sem nunca tirar os olhos do funk, da pop contemporânea e da música electrónica, com etiqueta IDM. Podemos tanto avistar as desafiantes sombras Arthur Russel, como as multifacetadas cadências Toro Y Moi, as produções Devonté «Blood Orange» Hynes, ou, mesmo, as misturas extravagantes Neon Indian. No entanto, «World, You Need A Change Of Mind», o álbum de estreia do projecto Kindness, vive da melancolia. Se em disco o francês Philippe Zdar, dos Cassius, ajudou no temperamento desses ambientes suaves e lânguidos, em palco as coisas atingem novos patamares e a melancolia parece diluída na festa musical Kindness. Foi num tom de festa de sexta-feira à noite e com o sempre apetecível espírito de banda, que Adam Bainbridge e restantes músicos nos apresentaram as suas canções melancólicas, mas dançantes. Por mais que uma vez vimos Adam Bainbridge juntar-se ao público para dançar e incentivar os presentes. Esta foi uma das minhas melhores noites de concerto de 2012.