segunda-feira, 19 de setembro de 2011

2011 | Viagens à tasca em período de férias IX


Stockholm Stadshuset

Outra descoberta deste Verão de 2011 foi a banda sueca The Amplifetes. Quer dizer, já não foi bem uma descoberta, pois ainda antes de voar para Estocolmo tinha dado com o álbum de estreia do quarteto num dos sítios electrónicos “That-Must-Not-Be-Named”. Ora bem, a história dos The Amplifetes é muito idêntica à dos conterrâneos Miike Snow. Músicos, compositores e produtores que alcançaram o sucesso ao lado de nomes como Kelis, Britney Spears, Kylie Minogue e, claro, Madonna. Quatro elementos que começaram a trabalhar juntos em 2007, editando, em 2008, o primeiro single «It’s My Life». Canção que mistura uma atitude punk com ritmos garage electro pop e que imediatamente me transportou para «Version 2.0» dos saudosos Garbage. Seguiu-se, em 2009, «Whizz Kid» e os ecos de “Swedish Next Big Thing” adensavam-se. «Somebody New» foi o passo seguinte e, com ele, a banda entrou nas principais playlists de França, Alemanha, Suíça e Áustria. Ateado o rastilho, lançam «The Amplifetes», em Setembro de 2010, e «Blinded By The Moonlight» mereceu a edição em single. O disco reúne todos os singles da banda e outros dez temas que andam de mãos dadas com as texturas e atmosferas dos The Electric Light Orchestra, The Ramones, Elvis Costello, Daft Punk, Jean Michel Jarre e David Bowie. Não é nada de novo, é certo, mas podemos encontrar misturas bem engraçadas e temas muito dançáveis («When The Music Died», «Fokker» e «Maxine» são eventuais singles a explorar). No entanto, os Miike Snow mostram-se bem mais interessantes.

Banda, que também já não é nenhuma novidade para mim, são os The (International) Noise Conspiracy. Formaram-se em 1998, em Umeå, e logo deram que falar com a sua música de intervenção e matriz garage punk rock que não deixa ninguém indiferente. Estridência q.b. que dividiu opiniões. Quanto a mim, há algo de glamoroso e excessivo que me atrai desde «A New Morning, Changing Weather» (2001). Música com carácter e cheia de estilo, portanto. Ora, como os discos em Estocolmo são bem mais baratos que em Lisboa (“Live and Learn…”), aproveitei as secções em saldo para adquirir duas das rodelas que me andavam a faltar. O álbum «Survival Sickness» (2000) e o EP «Bigger Cages, Longer Chains» (2002). Trabalhos que antecederam e sucederam, respectivamente, ao boom em torno dos suecos, com a edição de «A New Morning, Changing Weather» e dos seus fortíssimos singles «Up For Sale» e «Capitalism Stole My Virginity». Canções que se posicionaram lado a lado com «Smash It Up» e «The Reproduction Of Death», os singles de «Survival Sickness». Um disco rude e directo que acaba por ser mais consistente que o seu sucessor. Corporação punk entretida com o garage rock de 60, o punk de 70 e os trabalhos dos The Kinks e dos The Who. Relativamente ao EP «Bigger Cages, Longer Chains», tema título originalmente editado em «A New Morning, Changing Weather», os seus cerca de vinte e três minutos mostram que os
The (International) Noise Conspiracy não se encerram na sonoridade garage punk rock. Para o efeito, encontramos a faceta mais funk e mais groovy da banda com «Bigger Cages, Longer Chains», uma curiosa e psicadélica cover de «Babby Doll», original dos N*E*R*D, e o excelente «When Words Are Not Working».

Para terminar esta viagem pela música sueca, volto a chamar Robyn. :) 2010 foi um grande ano para a cantora. Em pouco mais de cinco meses lançou a trilogia «Body Talk» e depois ainda teve tempo para compilar as melhores canções dos três mini-álbums num único disco. «Body Talk» é um verdadeiro best of da colheita de 2010. Um trabalho que reúne a melhor nata do tríptico «Body Talk», acabando por excluir do seu alinhamento as versões acústicas de «Indestructible» e «Hang With Me» e os temas mais experimentais e consequentemente mais fáceis de rotular como lados-b («Cry When You Get Older», «Jag Vet En Dejlig Rosa», «Include Me Out» e «Criminal Intent»). Porém, a história deste capítulo final faz-se com as excelentes músicas que o compõem. Canções não aconselháveis a hiperglicémicos que representam alguns dos melhores momentos pop de 2010. Um disco que combina da melhor forma a pop contemporânea com a música mais dançável e disco. Ecos da década de 80 que caem sempre bem. Synthpop entusiástica e pessoal que fazem de «Body Talk» um dos álbuns mais inspirados e, igualmente, mais ouvidos nos últimos tempos.

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