domingo, 31 de agosto de 2008

2008 | Viagens à tasca em período de férias I

Regressado de mais um período de férias é tempo de reencontrar família e amigos, partilhar experiências e souvenirs, arrumar o guarda-fatos e reorganizar a estante de discos. Depois de em 2007 me ter perdido nas ruas e tascas helvéticas, este ano as principais «cidades do pecado» foram Bruxelas e Londres.
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Como seria de esperar, além de tentar seguir os conselhos e orientações dos guias turísticos seleccionados, visitando as principias atracções culturais de cada uma das regiões visitadas, a demanda tasqueira não foi esquecida. Desta forma e à semelhança do que sucedeu no ano passado, deixo de lado os nacionais relatos «tasqueiros» para mergulhar no segundo capítulo das «Viagens à tasca em período de férias».
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Atomium

Tudo começou nas ruas de Bruxelas, a capital política da União Europeia. Confesso que a cidade ficou um pouco aquém das expectativas. É certo que existem imensos locais de interesse cultural e a sua população revelou-se simpática e acolhedora, mas as memórias mais marcantes são gastronómicas. Hospedado a meros cinco minutos da famosa Grand Place e com duas grandes tascas ao atravessar da rua foi, igualmente, impossível resistir ao impulso consumista e aos preços mais baixos praticados no mercado belga. Neste campeonato a primeira paragem ocorreu na cadeia de lojas alemã Media Markt: um autêntico mercado de preços baixos que se revelou, também, um importante e surpreendente nicho indie.
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Foi com os (infelizmente) extintos Sixteen Horsepower que tudo começou. Desde 2005, e devido a diferenças ideológicas que impediram a continuidade da banda norte-americana, que as novidades Sixteen Horsepower se fazem de memórias. Já depois da cessação de actividade foram editados dois DVD que revisitavam uma notável carreira discográfica iniciada em 1992. Agora, três anos após o fim dos Sixteen Horsepower, surge no mercado «Live March 2001», um álbum duplo que regista um concerto do trio na era «Secret South» (álbum de 2000 que me apresentou os Sixteen Horsepower e que ainda hoje desempenha um importante papel na «discoteca» lá de casa). Confesso que a partir de então me tornei um Sixteen Horsepower addict. David Eugene Edwards é um dos grandes génios que marcou e continua a marcar a minha última década de canções. Razão pela qual este «Live March 2001» soube a mel. Temas como «Wayfaring Stranger», «Cinder Alley», «Clogger», «Poor Mouth» «Burning Bush» e «Splinters» ainda me provocam piloerecções múltiplas; os mais antigos «American Wheeze», «Haw», «Harm’s Way», «Dead Run», «Partisan» e «Coal Black Horses» obrigaram-me a recuperar todas as obras do grupo de Denver, Colorado; e «24 Hours» (original dos Joy Division) só aumentou ainda mais a minha admiração pelo alternative-country destes senhores. É pena que a soberba interpretação de «Nobody ‘Cept You», original de Bob Dylan, e o clássico «Black Soul Choir» não tenham figurado no alinhamento final deste álbum. Porém, a fé depositada nestes Sixteen Horsepower fazem esquecer qualquer falha.
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Outra das novidades deste 2008 que acabaram importadas foi o excelente «Visiter» do duo norte-americano The Dodos. Meric Long (guitarra e voz) e Logan Kroeber (percussão) têm encantado meio mundo através de uma envolvente folk psicadélica que pisca o olho ao tribalismo de uns Animal Collective e respira a pop global de uns Yeasayer. Contudo, e aos primeiros acordes de «Walking» (tema de abertura) é o alternative-country de Sufjan Stevens que surge. Cenário que se altera por completo com a percussão frenética e deveras festiva/carnavalesca de «Red And Purple». A banda mantém o ritmo acelerado e quando damos por nós estamos completamente embrenhados nos encantos de «Fools» (um dos singles que, decerto, marcará o ano). «Joe’s Waltz» é exercício com a imagem de marca dos Radiohead e Franz Ferdinand: juntam-se duas ou mais composições numa música para algo novo e único. «Jodi» tem tudo para ser um dos temas mais característicos destes The Dodos: folk punk pop capaz de convencer o ouvinte mais exigente. Porém, é o tropicalismo balcã (Zach «Beirut» Condon meets Seu Jorge) de «Winter», a simplicidade desarmante de «Undeclared», a aparente ingenuidade de «Ashley» e o bucolismo dopado de «The Season» que mais convencem em «Visiter».
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Continuamos a busca nas estantes do Media Markt e encontramos dois discos que farão as delicias de qualquer seguidor dos britânicos Editors: o EP, de edição limitada, «An End Has A Start» e o single «Push Your Head Towards The Air». Ambos os registos promovem «An End Has A Start», o mal amado segundo álbum dos Editors. «An End Has A Start», o EP, contém quatro lados-b, dos quais não consigo identificar qual o mais insonso, e uma interessante versão acústica do tema título. «Push Your Head Towards The Air», o single, compila as gravações live na BBC Electric Proms de «The Weight Of The World», «When Anger Shows» e «Well Worn Hand» e adiciona-lhe a belíssima cover de «Lullaby», dos The Cure. De facto, a inclusão de «Lullaby» terá sido a principal razão para a aquisição de «Push Your Head Towards The Air». Contudo, e apesar das escolhas finais para os temas ao vivo aqui documentados serem três das composições mais fraquinhas de «An End Has A Start», as faixas comprovam, uma vez mais, que o segundo disco dos Editors resulta muito melhor ao vivo que em estúdio. Registos menores em que a sua aquisição revelar-se-á essencial somente para os incondicionais da banda.
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As duas últimas escolhas da tarde passaram pela secção das promoções locais. A primeira - «Worst Case Scenario» - data de 1994 e assinala a estreia em disco do indie-art-rock dos belgas dEUS. Como até à data me tinha recusado dar os mais de € 20,00 solicitados pelas várias discotecas portuguesas, os cerca de € 6,00 pareceram uma miragem e uma excelente oportunidade para me livrar da velhinha cópia pirata que estava lá em casa. O disco é um clássico e contém algumas das composições mais corrosivas e inovadoras dos dEUS. «Suds & Soda», por exemplo, é ainda hoje um paradigma da postura «ser-se experimental sem deixar de ser rock». Por sua vez o spoken-word de «W.C.S. (First Draft)» e «Great American Nude» parece retirado do imaginário jazzistico de Tom Waits. «Morticiachair» é loucura em formato canção e os riffs de «Via» propagam hedonismo pop-rock aos molhos. «Shake Your Hip» faria boa figura em qualquer obra dos The Clash e «Right As Rain» destaca-se por ser o momento mais calmo e caloroso do disco. Porém, é «Hotellounge (Be The Death Of Me)» que conquista o prémio de «canção melódica, mas não muito» do disco. Disco este que continua a ser um dos melhores cartões de visita da cultura indie belga e que curiosamente ficará para sempre ligado à minha primeira passagem pela Bélgica.

Por fim, e no que toca à primeira recaída consumista da época estival, os € 4,00 de «Odditorium Or Warlords Of Mars», o quinto álbum dos norte-americanos The Dandy Warhols, foi um pequeno convite para mais uma aquisição. É certo que o disco, quando saiu, foi muito mal recebido pela crítica especializada. Porém, a minha paixão por bandas e artistas obrigou-me a colmatar a falha que existia na discografia Dandy lá de casa. Desde «Thirteen Tales From Urban Bohemia» (2000) que tento seguir estes senhores. Não são, de perto nem de longe, a minha banda favorita e nem me esforço por comprar ou ouvir os seus discos na semana de lançamento, mas sempre lhes atribui alguma graça. Courtney Taylor-Taylor e companhia sempre trabalharam para associar a sua sonoridade a ambientes cool e boémios. Julgo que o têm conseguido. No entanto, o que é demais também enjoa e os longuíssimos sessenta minutos de «Odditorium Or Warlords Of Mars» bem que podiam ter ficado na gaveta dos The Dandy Warhols. Excepções para «Love Is the New Feel Awful» e «Everyone Is Totally Insane».
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Para terminar, em vez de uma, deixo duas apostas pessoais: a primeira passa por uma interpretação ao vivo de «Poor Mouth» dos Sixteen Horsepower e a segunda é «Winter» dos The Dodos, uma das canções mais deliciosas de 2008.
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Sixteen Horsepower - «Poor Mouth (Live Pinkpop 2000)»


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The Dodos - «Winter»

terça-feira, 19 de agosto de 2008

SantoGold | Lights Out

Santi White ou se preferirem SantoGold acaba de editar um novo single do empolgante e homónimo debut. «Lights Out» é realizado por Kim Gehrig e surge após a aventura N*E*R*D «My Drive Thru», que compartilhou com Julian Casablancas dos The Strokes.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Coldplay | Viva La Vida

Recupero outra das novidades que marcaram os últimos quinze dias: o novo vídeo dos britânicos Coldplay. O tema escolhido para promover o mais recente trabalho da banda é «Viva La Vida», título do disco, e sucede a «Violet Hill».

domingo, 17 de agosto de 2008

Calexico | Two Silver Trees

Nada melhor para reabrir este espaço que o novo vídeo dos Calexico. A banda de Joey Burns e John Convertino prepara-se para editar o novo «Carried To Dust» e «Two Silver Trees» é a sua primeira amostra.
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