terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Why?

Qual a relação possível entre Chris Cornell e Timbaland? Aparentemente nenhuma, correcto? Bem, ao que parece Chris Cornell, uma das vozes mais marcantes do rock norte-americano, cedeu às deliciosas produções de Timbaland. Vai disto e o cantor decide contratar o produtor para as gravações do seu terceiro álbum de carreira. Impensável? Então vejam o vídeo. Parece mau de mais para ser verdade. Ah, tanto o álbum como este novo single dão pelo mesmo nome de «Scream». Todavia, o primeiro single retirado deste novo «grito» de Chris Cornell foi «Ground Zero», tema que surge na banda sonora de «Life On Mars», a nova série televisiva da ABC.
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P.S.: Como dizia o outro: «Só me apetece é ganir»…

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Okkervil River | Lost Coastlines

Depois de no ano passado terem dado que falar com o álbum «The Stage Names», os Okkervil River regressaram em 2008 com «The Stand Ins», disco que representa a segunda parte de um díptico iniciado com o trabalho de 2007. As reacções foram, uma vez mais, muito boas. Razão pela qual deixo aqui o vídeo de «Lost Coastlines», single que conta ainda com as vozes de Jonathan Meiburg (entretanto retirado da banda para se dedicar aos Shearwater). O vídeo é realizado pela dupla Seth and Bobby.

domingo, 14 de dezembro de 2008

2008 | Viagens à tasca em período de férias VI

Chegamos então a Londres, a verdadeira capital europeia da cultura pop. Cidade onde a cada esquina se esconde uma sala de espectáculos, uma livraria ou uma loja de discos. Com Museus e Parques à séria e alguns monumentos memoráveis. As suas ruas oferecem animação e boa disposição em qualquer dia da semana. Razão pela qual se beberam muitas pints, fizeram-se demasiadas viagens underground e as chicken wings caíram sempre bem à ceia. Dei de caras com o grande Philip Seymour Hoffman e perdi as contas às lojas de discos que encontrei e aos discos que comprei. Por isso optei por expor esta segunda etapa das férias de 2008 por categorias. Desta forma, em vez de descrever uma determinada ida à Zavvi (antiga Virgin) ou à HMV, decidi destacar os EP, os singles, as edições especiais, as promoções, os guilty pleasures, as apostas, etc.. Assim, neste primeiro post, destaco o EP.
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Big Ben & London Eye
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Desde 2001 que faço por seguir todos os passos dos Sparklehorse, projecto do norte-americano Mark Linkous. «It’s A Wonderful Life» revelou-se, desde então, num pequeno pedaço de céu que me continua a musicar maravilhas aos ouvidos. Afectuosas músicas que têm em Tom Waits, PJ Harvey, Nina Persson (The Cardigans) e Dave Fridmann (Mercury Rev, The Flaming Lips, Mogwai, Clap Your Hands Say Yeah, MGMT, etc.) os parceiros perfeitos na demanda à canção pop com um travo down-indie. Rapidamente adquiri o não menos singular debut álbum «Vivadixiesubmarinetransmissionplot» (1995) e o seu distinto sucessor «Good Morning Spider» (1998). Já em 2006 foi editado «Dreamt For Light Years In The Belly Of A Mountain», álbum que, incompreensivelmente, acabou ignorado por quase todo o mundo. Contudo, o que me traz a Mark Linkous é «Chords I’ve Known» (1996), um simples EP que nos mostra cinco temas a la Sparklehorse em dez minutos e que continuava em falta na discografia lá de casa. Cinco canções distintas, mas que se relacionam na mesma procura pela melodia perfeita. Dez minutos de música que parecem gravados no sótão de Mark Linkous, mas que mais uma vez nos emocionam e marcam. Do instrumental «Midget In A Junkyard» que parece retirado de «Gulag Orkestar», de Zach «Beirut» Condon, à fantasia pop low-fi de «Heart Of Darkness» (numa versão alternativa à que saiu no álbum de estreia) e «Almost Lost My Mind». Descortinamos a admiração de Mark Linkous por Lou Reed em «Dead Opera Star» e «The Hatchet Song» fecha o EP em forma de lullaby. Excelente aquisição que efectuei no coração do Soho.
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O segundo EP, este adquirido no bairro de Chelsea, trata-se de uma das mais marcantes estreias do século XXI. Em 2004 os escoceses Franz Ferdinand reviraram o mundo melómano do avesso com o homónimo álbum de estreia. «Franz Ferdinand» é pop&roll ao serviço de hedonistas que procuram a dança, o deleite e a canção. Ora bem, antes da capitulação perante o álbum, a banda editou um primeiro EP intitulado «Darts Of Pleasure» (um dos grandes singles da estreia em LP). Além de «Darts Of Pleasure» (primeiro em versão estúdio e no fim a Home Demo) este EP inclui os lados-b «Van Tango» e «Shopping For Blood», tal como a versão Home Demo de «Tell Her Tonight». Cinco canções que ateavam o rastilho para a excitação que se viveu com «Franz Ferdinand». Porém, já aqui Alex Kapranos cantava e declarava sem quaisquer rodeios: «Ich heisse super fantastische». Frase que nós corroboramos, pois já aqui se pressentia a história que a banda escocesa estava prestes a escrever e o swing punk pop rock já nos entusiasmava até ao tutano.
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Os ares de Chelsea fizeram-me bem. Além de me brindarem com a estreia dos Franz Ferdinand, presentearam-me com um EP de uma das bandas mais aplaudidas de 2008, os Fleet Foxes. «Sun Giant» foi editado poucos meses antes do lançamento do LP homónimo que tem percorrido todas as listagens com o melhor deste ano que agora termina. A pop barroca da banda de Seattle é, sem dúvida, uma das imagens de marca de 2008 e «Sun Giant» (o tema que abre o EP) é a melhor introdução aos Fleet Foxes e à sua música. Melodia perfeita para um exemplar momento canónico e a capella capaz de persuadir qualquer descrente. Um pequeno hino à vida e à constante mutação da natureza: «What a life I lead in the summer / What a life I lead in the spring». Porém, o melhor do disco surge com «Mykonos», o momento rock bucólico do EP. Mais uma vez a melodia é abrilhantada pela introdução vocal de Robin Pecknold. A canção revela-se free as a bird até ao momento em que Pecknold afirma «Brother, you don’t need to turn me away». As emoções estão à flor da pele, mas a banda volta a pegar na canção para um triunfante final. Os restantes temas do disco mantêm o apurado sentido folk da banda ao qual lhe é adicionado elementos eclesiásticos e rock clássico. Factos que fazem deste «Sun Giant» o melhor EP de 2008.
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Quarto EP, quarta pérola (esta encontrada em Charing Cross)! «Head’s Up» é mais uma estreia em disco. Desta feita os estreantes surgem do Canada e dão pelo nome de Death From Above 1979. Jesse F. Keelerno (baixo e sintetizador) e Sebastien Grainger (bateria e vozes) foram as forças motrizes deste colectivo stoner electro punk rock que por vezes pisca o olho ao death metal. Escrevo “foram” porque, infelizmente, o duo já se separou, deixando para trás uma das carreiras mais promissoras que nunca o chegou a ser por culpa própria. «Head’s Up» (2002) antecede a autêntica bomba que foi «You’re A Woman, I’m A Machine», de 2004. Apesar dos dois anos que separam ambas as edições, os trabalhos não se distanciam muito um do outro. A banda pratica um frenético stoner punk rock que destila energia e pujança por todos os lados e temas como «Dead Womb» (ao qual os conterrâneos Crystal Castles foram buscar um sample que lhes deu um jeitão em «Untrust Us»), «Too Much Love» e «Losing Friends» justificam-no. «Do It!» (aqui numa versão ao vivo) é capaz de ser o tema que mais se distancia dos demais, pois pressentimos a influência da produção superior dos franceses Daft Punk. No entanto, o ritmo é sempre acelerado e cada momento é único, pelo que o seu desaparecimento constitui uma das grandes perdas dos últimos anos.
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O quinto destaque, adquirido já na famosa Oxford Street, vai para os britânicos Klaxons e o seu EP de estreia «Xan Valleys EP». Lançado em 2006 e antecedendo o LP «Myths Of The Near Future», os Klaxons davam aqui os primeiros passos da aventura electro punk que mais tarde lhes valeu o Mercury Prize de 2007. O EP é composto por três temas que surgiram no alinhamento final do álbum de estreia («Gravity’s Rainbow», «Atlantis To Interzone» e «4 Horsemen Of 2012»), um tema exclusivo («The Bouncer»), duas estrondosas remixesGravity’s Van She Remix» e «Atlantis Crystal Castles Mix») e o vídeo para «Gravity’s Rainbow». Não sendo o melhor do trio, encontramos aqui alguma da nata já produzida pelos Klaxons. «Atlantis To Interzone» e «Gravity’s Rainbow» são duas das composições mais bem conseguidas do trio. Por sua vez, «The Bouncer» e «4 Horsemen Of 2012» revelam uma banda mais vulgar, com um bom sentido musical, mas alguma falta de brilho (não basta ser cool para fazer boa música!). O vídeo de «Gravity’s Rainbow», assemelhando-se a um autêntico home made video, enquadra-se perfeitamente com o início de carreira dos Klaxons. No entanto, as versões dos australianos Van She e, principalmente, dos canadianos Crystal Castles acabam por repor o fulgor inicial e o disco termina muito bem.
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Continuo na Oxford Street para falar de mais dois EP. «Four Winds» do talento Conor «Bright Eyes» Oberst e «Follow The Lights» do workaholic Ryan Adams. Ora bem, enquanto os Bright Eyes são já um habitué por estas paragens, Ryan Adams é capaz de ser um estreante. Todavia, desde «Gold» (2001) que sigo as cantorias deste norte-americano. Compositor compulsivo e de gosto bastante ecléctico. Tanto se afirma num admirador incondicional dos The Strokes, como escolhe o mais recente trabalho de Beyoncé para a sua lista dos melhores cinco álbuns de 2008. Produtor que já trabalhou com meio mundo e onde se destacam Beth Orton, Counting Crows, The Wallflowers e Elton John. O singer/songwriter preferido de Elton John que odeia que o confundam com o canadiano Bryan Adams. Figura de relevo na música americana dos nossos dias. Rapaz que escreveu o hit-single «New York, New York» e que em 2007 editou o saudado «Easy Tiger», álbum ao qual este «Follow The Lights EP» se anexou como um perfeito complemento. Alternative-country de primeira linha que tem em «Follow The Lights» e «My Love For You Is Real» as melhores canções aqui apresentadas. Porém, o destaque vai inteirinho para a versão de «Down In A Hole», original dos Alice In Chains. Mais uma vez Ryan Adams atira-se a temas de outros universos e, como sempre, sai-se extraordinariamente bem. Se já o havia conseguido com o hino britpop «Wonderwall» (versão dos Oasis editada no álbum «Love Is Hell»), agora é a vez de se aventurar no grunge. A canção mantém o seu lado sujo e cru e Ryan Adams mostra que as covers continuam a ser um veículo importantíssimo na sua carreira (um álbum de covers já se justificava). A fechar o EP encontramos (versões alternativas para «This Is It» (tema que abre o flop «Rock N’ Roll»), «If I Am A Stranger» (uma das melhores canções do duplo «Cold Roses») e «Dear John» (tema escrito em parceria com Norah Jones e originalmente editado na banda sonora de «Jacksonville City Nights»). De facto, este é um excelente complemento a «Easy Tiger».
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Quanto a «Four Winds», single extraído de «Cassadaga» (2007), o último álbum de originais dos Bright Eyes, deparamo-nos com cinco excelentes lados-b. Cinco canções que podiam muito bem constar no alinhamento final de «Cassadaga», ou de qualquer outro álbum dos Bright Eyes. Conor Oberst é, de facto, um dos melhores letristas norte-americanos e a folk de «Four Winds» é um pequeno exemplo disso mesmo («Your class, your caste, your country, sect, your name or your tribe / There's people always dying trying to keep them alive» «The Bible is blind. The Torah is deaf. The Qur’an is mute. / If you burned them all together you’d get close to the truth»). No entanto, a alternative-country embebida na pop em «Reinvent The Wheel» não lhe fica nada atrás: «I’m sure the TV sets will tell us when someone reinvents the wheel / Till then I'll have a million conversations about shit that isn't real». Já para não falar do blues rock americana de «Cartoon Blues»: «I felt something changing the world / Like a new constitution / A thief I would have to pursue / At all times / At all costs / The truth!». Descobrimos, ainda, uma voluptuosa linha de guitarra recuperada aos anos 70 em «Stray Dog Freedom» e cedemos por completo perante «Smoke Without Fire» (tema que conta com a participação vocal de Mr. M. Ward) e «Tourist Trap»: dois singulares momentos folksy capazes de arrepiar o próprio Bruce Springsteen.
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Para terminar esta primeira viagem a Londres, escolhi um vídeo dos extintos Death From Above 1979.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Bloc Party | One Month Off

Os Bloc Party já escolheram o terceiro single de «Intimacy», o mais recente álbum de originais dos britânicos. Depois das apostas em «Mercury» e «Talons», chega a vez de «One Month Off». Canção que está uns pontos abaixo dos anteriores singles, mas que mantém intactas todas as credenciais da banda. O single será editado a 26 de Janeiro de 2009.
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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Richard Swift | Would You

Depois de em Abril ter lançado o duplo EP «Richard Swift As Onasis», o músico norte-americano regressou às edições discográficas com um outro EP: «Ground Trouble Jaw» foi editado em Agosto e em formato digital aqui. Como amostra foi apresentado o single «Would You», uma das mais belas canções de Richard Swift.

The Dodos @ MusicBox

Antes que 2008 terminasse e graças ao programa radiofónico Vidro Azul, da Radar, tive a oportunidade de assistir à estreia em palcos nacionais de um dos mais estimulantes projectos musicais de 2008 e que há exactamente um ano eu havia destacado aqui, os The Dodos. «Visiter» é ainda uma das maiores surpresas do ano e «Winter», «Fools», «Jodi» e «Ashley» são algumas das suas canções mais bonitas. Por isso, foi com grande satisfação que me desloquei ao MusicBox no passado sábado dia 6 de Dezembro. O espaço não podia ser o melhor: intimista q.b. e propício para tornar inesquecível qualquer concerto, chegando mesmo a criar um culto em torno da banda e do próprio espectáculo. Foi o que aconteceu no MusicBox. Os The Dodos revelaram-se exímios na arte de bem tocar guitarra (através de Meric Long) e bateria (pelas mãos de Logan Kroeber). Mostraram que não são necessários muitos intrumentos para se fazer boa música. E foi de boa música que se compôs a actuação desta banda de São Francisco. Extraordinária a forma como uma guitarra acústica e uma bateria preencheram por completo o MusicBox. Incrível a forma como Meric Long toca a sua guitarra acústica, tratando-a por tu. Excepcional o desfile de boas canções. Sem dúvida uma das melhores actuações a que assisti neste ano que agora termina.
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Não me canso de ouvir este «Winter»...

MTV Killers

Os The Killers regressaram em grande estílo neste final de 2008, com o terceiro álbum de originais «Day & Age». «Human», o seu primeiro single, é uma autêntica delícia e o álbum recuperou as esperanças depositadas nestes senhores em 2004, aquando da edição do soberbo «Hot Fuss». Enquanto não nos chega o novo single, deixo aqui a prestação da banda norte-americana mais inglesa da actualidade nos MTV European Music Awards. Extraordinário momento televísivo para mais tarde recordar.
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domingo, 7 de dezembro de 2008

Super Bock em Stock

De dois a cinco de Dezembro gozei alguns dos dias de férias que ainda estavam pendentes neste ano de 2008. Depois de um estafante ano de trabalho, a ideia seria ficar em casa a descansar e a desfrutar da companhia da minha sobrinha e afilhada, a Maria João. Porém, e com uma pequena mensagem de telemóvel de um amigo, a semana de férias ficou marcada pelo ano zero do festival Super Bock em Stock (SBS). A ideia, criticada por uns e saudada por outros, era criar um festival à semelhança do SXSW, que ocorre todos os anos no Texas. Portanto, durante duas noites os concertos multiplicaram-se entre as várias salas da Avenida da Liberdade e o público - que acabou bafejado pela sorte por não ter apanhado chuva - teve que fazer opções. Confesso que o cartaz não era excepcional, muitos dos artistas / bandas estavam lá para encher e vender o conceito, mas outros eram os autores de algumas das mais interessantes obras discográficas do presente ano de 2008. Razão pela qual aceitei o desafio.
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Tudo começou na Sala 1 do Cinema São Jorge e ao som da neozelandesa LadyHawke que veio apresentar o seu homónimo álbum de estreia. Em pouco mais de quarenta minutos revisitámos os anos 80 (numa vertente mais rockeira que no álbum) e gingámos ao som de temas como «Dusk Till Dawn», «Magic», «Back Of The Van», «Paris Is Burning» e «My Delirium». Não foi um delírio de concerto, mas Phillipa Brown mostrou ter a lição pop/rock dos 80 bem estudada e engendrada para agradar aos espectadores.
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Terminada a actuação de LadyHawke seguimos para a lindíssima sala do Tivoli para conferir a festa de Santi White, intitulada de Santogold. Para aquecer o público foi servido um pequeno DJ Set, muito ao estilo NYC, que explorou conceitos vários como o hip-hop, o reggae e a britpop (com especial atenção para os The Smiths, com «This Charming Man» e os The Police, com o inevitável «Roxanne»). Santi White entra em palco e o DJ Set continua, mas agora ao som do enaltecido álbum de estreia «Santogold». A «representação» abre a todo o gás e nos vinte minutos iniciais ouvem-se os maiores sucessos da norte-americana. O público empolgou-se (o que é perfeitamente aceitável), mas o concerto ressentiu-se, devido a um alinhamento desequilibrado. Houve uma autêntica quebra de ritmo e entusiasmo, que só se dissipou no final da actuação com o emblemático single «Creator». Santi White que se apresentou tímida e com um look de empregada doméstica, denotou alguma falta de cultura de palco e não escapou à suspeita de se aproveitar do playback. Porém, marcou a diferença nas entusiastas criações de estúdio, superiormente reproduzidas no palco do Tivoli. O público aderiu ao espectáculo e dançou do princípio ao fim.
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Após a prestação de Santogold, assistiu-se a uma autêntica correria na Avenida da Liberdade para assegurar um dos poucos lugares do Maxime e ver a sueca Sarah Assbring (a.k.a. El Perro Del Mar). Só os mais rápidos conseguiram entrar no Maxime. A sala é pequeníssima, é verdade, mas o seu lado intimista é o mais adequado para a musicalidade El Perro Del Mar. O concerto foi competente, mas sem entusiasmos de maior. Sarah Assbring subiu ao palco, cantou as suas singelas canções e lá seguiu o seu rumo. Contudo, apesar de se mostrar um pouco distante, as suas composições conseguiram aquecer a audiência (foi o que nos valeu).
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Na segunda noite o roteiro traçado foi: Lykke Li no Teatro Variedades, The Walkmen no Teatro Tivoli e X-Wife, novamente, no Variedades. Mais uma vez o programa foi seguido à risca.
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Sobre a sueca Lykke Li, que apresentava o seu debut álbum «Youth Novels», quase me atrevo a dizer que foi o melhor concerto que vi no SBS. O disco é muito bom (um pouco extenso de mais, mas bom) e a atitude da intérprete é certeira. Energia e sedução a rodos. Lykke Li é uma brasa em palco e ela sabe-o, servindo-se disso para contagiar a audiência e incendiar as hostes. Excelentes canções e muito bons músicos que fizeram do concerto de Lykke Li um dos acontecimentos mais marcantes do meu ano de concertos. Destaque para os singles editados até à data e para duas coversCape Cod Kwassa Kwassa», dos Vampire Weekend, e «Can I Kick It?», dos A Tribe Called Quest) que acabaram muito bem recebidas pelo público.
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Seguimos para o Tivoli para conferir o concerto dos The Walkmen, a banda norte-americana de que mais se fala nos últimos meses. A edição de «You & Me» só veio confirmar o potencial da banda e temas como «In The New Year», «On The Water», «I Lost You», «Dónde Está La Playa», «Canadian Girl», etc. aumentaram ainda mais o frenesim em torno destes cinco nova-iorquinos. As semelhanças com os conterrâneos The National são evidentes. Porém, existe uma maior electricidade e urgência nas entrelinhas sonoras dos The Walkmen. Electricidade essa que fica sempre na fronteira entre a melodia de cada canção e o completo desnorte sonoro. A atear ainda mais a plateia do Tivoli estiveram as penetrantes interpretações do vocalista Hamilton Leithauser. Foi um grande concerto que atingiu o auge após a sequência inicial de «In The New Year» e «The Rat». O público capitulou perante os The Walkmen e o delírio foi geral. A assistência que compunha as primeiras filas mostrou ter estudado a lição em casa, cantando grande parte dos temas apresentados, e no fim segui tranquilamente para o Teatro Variedades para ver, mais uma vez, os nortenhos X-Wife.
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A terminar, deixo a prestação dos The Walkmen no David Letterman Show, com «The Rat».

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

LCD Soundsystem | New York, I Love You But You're Bringing Me Down

Há já algum tempo que não tinhamos notícias dos LCD Soundsystem. James Murphy, o mentor do projecto, revelou recentemente que se encontra a escrever temas para o sucessor de «Sound Of Silver» (2007). No entanto, o mais recente vídeo da banda é «New York, I Love You But You're Bringing Me Down», a faixa que encerra «Sound Of Silver». O vídeo é realizado por Simon Owens.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

The Walkmen | In The New Year

Os norte-americanos The Walkmen já há muito que por aí andam. Formados em 2000, reunindo três elementos dos Jonathan Fire Eater e dois dos The Recoys, a banda construiu, desde então, uma sólida carreira na cena indie de Nova Iorque. Porém, só em 2008 ganham maior visibilidade com o álbum «You & Me» e o seu extraordinário primeiro single «In The New Year». A banda estará amanhã no Teatro Tivoli. Por enquanto fica aqui um pequeno teaser...
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P.S.: Provavelmente o melhor single de 2008!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Mercury Rev na Aula Magna

Numa das muitas viagens matinais a caminho do trabalho, com o auto-rádio sintonizado na Antena 3, lá conquistei um ingresso para o concerto dos Mercury Rev na Aula Magna e que aconteceu no passado Sábado. Depois de os ter visto no CCB, há alguns anos atrás, voltei a presenciar a pop sonhadora que a banda transfigura ao vivo em experimentalismo indie. Turbilhões de som que em nada se ajustam à harmonia sonora evidenciada em disco. Ritmos acelerados, riffs cortantes, ambientes psicadélicos e uma voz em falsete que estão mais presentes nos primeiros discos dos Mercury Rev que nos mais recentes trabalhos.
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O álbum a apresentar foi «Snowflake Midnight», o qual ainda não tive a oportunidade de conhecer. Porém, os temas que passaram pelo palco da Aula Magna foram, na sua maioria, dos dois álbuns de maior sucesso da banda norte-americana: «Deserter's Songs» (1998) e «All Is Dream» (2001). Os ingredientes não poderiam ser melhores, pensava eu. Ouviram-se «Holes», «You’re My Queen», «Tonite It Shows», «The Dark Is Rising», «Opus 40», «Tides Of The Moon», «The Funny Bird» e «Godess On A Hiway». Canções que cabiam em qualquer compilação do melhor da música indie norte-americana da última década, mas que no concerto da Aula Magna se mostraram mancas. O espectáculo foi non-stop. Sem paragem entre as canções e sempre em busca de picos emocionais. Os vídeos e citações filosóficas não deram descanso ao espectador e as explosões sonoras, alimentadas por uma desorientada bateria, foram uma constante. As músicas eram reconhecíveis, mas viveu-se um estranho sentimento de alienação. O concerto foi bom, mas não foi genial. A banda esteve bem, mas não se apresentou de forma excepcional. As músicas são muito boas, mas no Sábado passado algo lhes retirou o protagonismo. Da postura mais cabotina do vocalista Jonathan Donahue, aos vídeos que passaram pelo palco e passando pela pungente e desconexa bateria. Tudo em prol da exaltação do espectáculo e da banda. No entanto, caso os Mercury Rev tivessem optado por apresentar um espectáculo mais contido, julgo que o público se poderia ter focado mais na música e nas canções e não em aspectos laterais.
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Para terminar escolhi o vídeo realizado por Anton Corbijn para o clássico «Goddess On A Hiway».

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

The Cloud Room | Blue Monday

Numa altura em que a obra dos New Order é reeditada, os norte-americanos The Cloud Room (a banda de «Hey Now Now») gravam uma soberba versão do clássico «Blue Monday». Fica o vídeo para conferir.

The Prodigy | Invaders Must Die

Já é conhecido o novo single e respectivo vídeo do poderoso trio britânico The Prodigy. «Invaders Must Die» é o título do novo trabalho da banda que sucede ao menos conseguido «Always Outnumbered, Never Outgunned» (2004). A edição do álbum está prevista para Março de 2009, mas o vídeo de apresentação já roda por aqui.

The Hold Steady | Stay Positive

As opiniões são unânimes: os The Hold Steady são uma das melhores bandas norte-americanas da actualidade. Depois de se mostrarem ao mundo com o terceiro e estridente álbum de carreira «Boys And Girls In America» (2006), Craig Finn e companhia regressaram em 2008 com o não menos estrepitoso «Stay Positive». Em tempos de crise, sabe tão bem ouvir este novo single e álbum dos The Hold Steady: «Stay Positive»!!!

sábado, 29 de novembro de 2008

Radiohead | 15 Step

«15 Step» foi outro dos temas de «In Rainbows» a merecer a atenção de um fã na iniciativa «In Rainbows Animated Music Video Contest». Hideyuki Kota Totori foi quem criou o vídeo.

Portishead | Magic Doors

2008 ficará marcado pelo tão aguardado regresso dos Portishead aos discos e aos concertos. Mais uma vez o trabalho da banda foi aplaudido pela imprensa especializada e pelo público em geral. Do álbum «Third» surge agora o terceiro single e respectivo vídeo: «Magic Doors».

domingo, 23 de novembro de 2008

Radiohead | Weird Fishes/Arpeggi

Mais um vídeo dos Radiohead a sair da iniciativa «In Rainbows Animated Music Video Contest». Depois de revelado o grande vencedor (o francês Clement Picon com um vídeo para «Reckoner»), agora é a vez de Tobias Stretch, um dos quatro finalistas do concurso, a ver o seu trabalho para «Weird Fishes/Arpeggi» ser consagrado pelos Radiohead.
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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

BSS | Dance, Dance, Dance...

A terminar o que foi uma autêntica semana de loucos em matéria de concertos (quatro em apenas sete dias) e aproveitando a oferta dos Buraka Som Sistema e das lojas FNAC (na compra do pack «Sound Of Kuduro Remix EP» e «Black Diamond»), subi à Graça para assistir ao concerto de apresentação de «Black Diamond», o estimulante álbum de estreia dos Buraka Som Sistema (BSS).
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Convém, antes de mais, esclarecer que há cerca de um ano não digeria nada que soasse a kizombas, kuduros e afins. Atenção! Nada que se relacionasse com questões raciais. Simplesmente não entendia o ritmo, a sonoridade, a cantoria e a dança. No entanto, com a edição do EP «From Buraka To The World» e, mais precisamente, após a exposição ao single «Yah!», algo mudou. Algo de exótico e entusiasmante era adicionado à fórmula do kuduro. Os ritmos quentes de África aqueciam à séria e o resultado era surpreendente. Um ardente vício que se prolongou com a edição do single «Sound Of Kuduro» (com a preciosa ajuda de M.I.A.) e do respectivo álbum de estreia. Os ecos que entretanto foram surgindo do estrangeiro documentavam esse mesmo vício e um potencial «the next best thing» que pode explodir a qualquer momento. Ora foi exactamente isso que aconteceu no passado dia quinze de Novembro na mítica sala da Voz do Operário: uma autêntica explosão de ritmo e excitação que agitou o público presente e a própria sala do espectáculo (nem o estuque do tecto resistiu). Ao longo de noventa e tais minutos a ordem foi para não parar e dançar, dançar, dançar... Uma verdadeira rave atestada com picos rítmicos que quase levavam a «barraca» abaixo. Seguindo as dicas de Kalaf e Conductor visitámos Luanda, Londres, Lisboa, Rio de Janeiro e Nova Iorque. No meio da selva rítmica que nos foi apresentada ouvimos pequenos apontamentos de DJing com os Daft Punk, The Prodigy e AC/DC. Desejei acompanhar os passos de Deize Tigrona e do elástico bailarino que acompanha a banda e dei graças a Deus por ter cedido aos BSS.
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Para terminar deixo o primeiro sucesso e respectivo vídeo dos Buraka Som Sistema: Yah! Yah! Yah!

sábado, 15 de novembro de 2008

Cut Copy by night

Depois das deliciosas noites na companhia de Joan As Police Woman e Sigur Rós, nada melhor que rumar ao Lux para dançar e vibrar com o som e os calorosos ritmos dos australianos Cut Copy. A exposição da banda amplificou-se há relativamente pouco tempo, com a edição do mui apreciado «In Ghost Colours», trabalho de 2008, que sucedeu à menos conseguida estreia «Bright Like Neon Love» (2004). Contudo, já em 2005 a prestigiosa revista Uncut não hesitava em colocar os Cut Copy na estante das novas tendências electro, caracterizando a sua música como um exercício que fica a meio caminho entre os britânicos The Go! Team e os franceses Daft Punk. Uma autêntica festa, que eclodiu no passado dia 13 de Novembro na intima e esgotadíssima sala «dos fundos» do Lux. Sentia-se, entre o público, uma verdadeira sede de ouvir e dançar as canções de «In Ghost Colours»: «Lights And Music», «Hearts On Fire», «Unforgettable Season», «So Haunted», «Strangers In The Wind», «Out There On The Ice», «Nobody Lost, Nobody Found», «Feel The Love» e «Far Away» marcaram presença. Do debut «Bright Like Neon Love» ouviram-se «Time Stands Still», «Saturdays», «That Was Just A Dream» e «Future». Um autêntico best of dos dois álbuns dos Cut Copy. No entanto, e apesar de se terem vivido verdadeiros momentos de loucura, sempre estimulada pelo vocalista Dan Whitford e ampliada pelos enérgicos riffs de guitarra de Tim Hoey, os cerca de sessenta minutos de dança e cantoria esgotaram-se num abrir e fechar de olhos.
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Sigur IV

A noite de S. Martinho de 2008 ficou marcada por mais uma assinalável actuação dos islandeses Sigur Rós. O meu Curriculum Vitae já registava três concertos destes nossos amigos. Se o primeiro espectáculo (Coliseu dos Recreios: 1 de Março de 2003) ficou, até hoje, «tatuado» como o mais tocante de todos, provavelmente por ter sido o primeiro e, na altura, «Ágætis Byrjun» ainda estar tão fresco, a segunda vez (Coliseu dos Recreios: 21 de Novembro de 2005) acabou por parecer uma brilhante réplica da prestação de 2003. Quanto à clara desilusão que ocorreu a 16 de Julho de 2006 no Pavilhão Atlântico, essa desvaneceu com o concerto da passada noite de 11 de Novembro.
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As expectativas eram moderadas, pois «Með Suð Í Eyrum Við Spilum Endalaust», álbum de 2008, ainda não me convenceu totalmente. No entanto, com um maravilhoso inicio ao som de «Sven-G-Englar» e «Ný Batterí» tudo voltava ao normal. Os Sigur Rós eram novamente insuperáveis, voltavam a fazer história e davam mostras de serem um dos projectos mais inovadores da actualidade. Não mais voltaram a «Ágætis Byrjun». Porém, a banda continuou a irradiar elegância e calor sonoros. Demonstraram que afinal «Með Suð Í Eyrum Við Spilum Endalaust» está repleto de excelentes canções (de «Gobbledigook» a «Inní Mér Syngur Vitleysingur», passando por «Við Spilum Endalaust», «Festival» e «All Alright»). Sonoridades que têm dado que falar, pois além de chegarem a um público mais alargado, abrem novos caminhos para a música dos Sigur Rós. Contudo, os espectadores que marcaram presença na antiga Praça de Touros do Campo Pequeno já eram velhos conhecidos dos Sigur Rós. Razão pela qual «Hoppípolla», «Haffsól», «Sæglópur», «E-Bow» (ou se preferir «( ) #6»), «Glósóli» e «Popplagið» (também conhecida como «( ) #8») foram celebrados até não nos deixarem mais. Reafirmaram o seu apreço pelo público português e o delírio foi mais uma vez sentido. Chamaram ao palco os For A Minor Reflection (conterrâneos dos Sigur Rós que asseguraram uma primeira parte conduzida pelo minimalismo de uns Mogwai e uma épica sonoridade islandesa) para festejarem a liberdade de «Gobbledigook». Não foi o melhor concerto que vi dos Sigur Rós, mas deixou marcas. Estranhei a ausência de «Viðrar Vel Til Loftárása» e senti uma vez mais a falta de «Flugufrelsarinn». O mais engraçado foi ter, finalmente, recebido a edição deluxe de «Með Suð Í Eyrum Við Spilum Endalaust». As imagens fotográficas voltam a estar no centro das atenções, mas a sua música ganhou nova vida depois do concerto de 2008.
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Para terminar deixo, em alta rotação, o novo vídeo da banda islandesa mais famosa da actualidade.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Final Fantasy | Blue Imelda

aqui tinha falado da edição de «Spectrum, 14th Century», o novo EP do projecto Final Fantasy, do canadiano Owen Pallett. Depois do primeiro vídeo para «The Butcher», surge agora o excelente «Blue Imelda». O estranho vídeo é realizado por M Blash.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Joan As Police Woman em Sintra

No passado dia nove de Novembro rumei a Sintra para assistir a mais um espectáculo que contou com a presença de Joan Wasser, a.k.a. Joan As Police Woman (JAPW). Não foi a primeira vez - e espero sinceramente não ter sido a última - que vi Joan Wasser em palco. Contudo, depois das prestações/colaborações nos espectáculos de Antony And The Johnsons e Rufus Wainwright (neste último caso chegou mesmo a apresentar-se como JAPW numa breve primeira parte), o concerto do passado Domingo, no Centro Cultural Olga Cadaval, marcou de forma inequívoca a primeira grande noite (de autêntica gala) para Joan Wasser na área da Grande Lisboa. É certo que a eterna namorada de Jeff Buckley já havia passado, num concerto só seu, pelo acolhedor palco do Santiago Alquimista, mas na altura não tive oportunidade de marcar presença e entendo que a serenidade e todo o romantismo patenteados na sua música encaixam muito melhor no admirável auditório Jorge Sampaio.
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Os ingredientes não podiam ser os melhores: o espaço era perfeito; «To Survive», álbum que justificou mais uma visita de JAPW ao nosso país, mantinha a demanda pop, sendo perceptível alguma influência da formação clássica da vocalista no arranjo das canções; e o público presente mostrava-se ansioso por ver e ouvir JAPW. O espectáculo pareceu-se como uma autêntica reunião de família e amigos por alturas do Natal. Razão pela qual estranhei a aparente timidez de Joan Wasser em se expor perante tão familiar cenário. Houve comentários acerca da arquitectura colorida das «nossas cidades», piadas sobre David Lee Roth (que ao que parece é paramédico nas urgências de um hospital em Nova Iorque), congratulações à «prestação» do público; observações várias sobre o auditório; reparos à apresentação meio lunática do baixista Timo Ellis; muito boa disposição e, essencialmente, excelentes canções. A minha admiração pela música e figura de JAPW não é recente. Apesar de «To Survive» não alcançar o nível do debut «Real Life», é um disco que não desilude e cumpre com os requisitos necessários para continuar a seguir todas as passadas do projecto JAPW. O concerto foi um espanto! A voz de Joan Wasser é «cristalinda»! Timo Ellis (baixo e voz) e Parker Kindred (bateria e voz) são perfeitos cúmplices de palco! Todavia, são as canções de JAPW que mais brilham. Desde a ode ao desalento vivido em relação às políticas da Administração Bush com «To America», à autêntica carta de amor que é «To Be Loved», passando por uma genuína lullaby com «To Survive» e chegando às intimistas «Honor Wishes» e «The Ride». Houve momentos mais dinâmicos como «Holiday», «Furious» e as majestosas «Eternal Flame» e «Christobel». Recordámos «I Defy», provavelmente a melhor canção de 2006, num inteligentíssimo exercício de coordenação vocal entre os três músicos em palco (desviando-nos a atenção da evidente ausência de Antony Hegarty nas vozes) e voltámos a perecer perante a desarmante «Feed The Light». No fim, Joan Wasser foi até à entrada do auditório para promover a venda de alguns discos (com direito ao desejado autografo) e T-Shirts. Só lhe ficou bem e a maior parte dos presentes agradeceu o simpático gesto...
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domingo, 9 de novembro de 2008

2008 | Viagens à tasca em período de férias V

A derradeira paragem tasqueira na cidade de Bruxelas foi na loja Media Markt. Mais uma vez, e como já havia percorrido as suas secções mais importantes, decidi apostar nos escaparates das promoções. Tal como na FNAC local, aqui, os discos em promoção iam dos quatro aos seis euros e as escolhas finais foram, na sua maioria, pensadas para completar discografias de um determinado grupo (ou não fosse eu um coleccionador de discos).
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Aproveitando a oportunidade de estar na Bélgica, adquiri o EP «My Sister = My Clock», dos dEUS, e «Leave The Story Untold», álbum de estreia dos Soulwax. Ambas as edições se destinam (e só farão sentido) aos fãs mais acérrimos de cada uma das bandas. «My Sister = My Clock», EP editado em 1995, contém esboços de algumas canções que ficaram de fora do excelente álbum de estreia «Worst Case Scenario», disco de 1994. É composto por uma única faixa que se divide em treze capítulos distintos, mas igualmente complementares. Vinte e seis minutos de experiências sonoras que, com um pouco de mais trabalho, poderiam resultar num qualquer sucesso indie belga como são exemplos «Suds & Soda», «Via» e «Hotellounge». O disco foi gravado em cinco dias e editado (leia-se, junção dos vários temas) em apenas seis horas. Não traz nada de novo à discografia da banda, mas colmata o espaço deixado em aberto entre «Worst Case Scenario» e «In A Bar, Under The Sea». Quanto aos conterrâneos Soulwax, o debut «Leave The Story Untold» data de 1996 e, tal como «My Sister = My Clock», não acrescenta nada de novo ao que já se conhece dos irmãos Dewaele. Encontramos a banda num limbo entre o teen-rock de uns Silverchair (ambicionando chegar aos calcanhares dos Nirvana) e a serenidade de um Jeff Buckley. Não há nenhum tema que se destaque dos demais e ainda não se evidenciavam momentos de brilhantismo pop. Contudo, é certo que se denota já uma importante preocupação pela canção, apesar dos resultados estarem longe do desejado. No entanto, «Leave The Story Untold» poderá, também, ser encarado como estando na génese do potencial de «Much Against Everyone’s Advice», álbum de 1999. Menção final para a produção que ficou a cargo de Chris Goss, consagrado produtor que, entre outros, trabalhou com nomes como Queens Of The Stone Age, UNKLE e Screaming Trees.
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Um dos meus maiores caprichos durante as férias 2008 foi a compra da edição japonesa de «Pablo Honey», o álbum debut dos mais que preferidos Radiohead. Lá tive que me livrar da edição standard (obrigado F.), pois, nos dias que correm, a crise também é de falta de espaço lá em casa. O álbum é, ainda hoje, qualificado como o mais «fraquinho» e o que menos se enquadra na história discográfica dos fab five. Paradoxalmente, «Creep» continua a ser o único grande sucesso comercial dos britânicos. «Pablo Honey» (1993) é fruto da geração grunge, mas além de se vislumbrarem influências de Pixies, Nirvana e Pearl Jam, nas suas entrelinhas sonoras também cabem nomes como The Kinks, The Who, U2 e Jane’s Addiction. Um caldeirão de distorção eléctrica que, aquando da sua edição, não convenceu quase ninguém. Poucos previam um futuro risonho para os Radiohead. Cenário que não melhorou quando, ainda em 1993, a banda editou o single/EP «Pop Is Dead» (tema que não figurava no alinhamento final de «Pablo Honey», mas que saiu para o mercado entre as edições dos singles «Anyone Can Play Guitar» e «Stop Whispering»). Ora bem, não se tratando de uma canção de encher o ouvido, o facto é que o single/EP «Pop Is Dead» já se encontra descatalogado. Razão mais que suficiente para adquirir a edição japonesa de «Pablo Honey», pois o seu alinhamento final contém cinco faixas extra, entre as quais a raridade «Pop Is Dead». Encontramos, também, os lados-b de «Creep» («Inside My Head» e «Million Dollar Question») e duas versões live de «Creep» e «Ripcord» (dois dos melhores temas do disco). Um autêntico capricho que, além de não estar nas prateleiras reservadas para as promoções, veio enriquecer a minha colecção de discos dos Radiohead.
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Outro dos discos que veio colmatar uma falha numa determinada colecção de discos foi «Government Commissions BBC Sessions 1996-2003», dos escoceses Mogwai. Até então não tinha comprado o disco porque me recuso a dar mais de € 15,00 por qualquer compilação de gravações ao vivo que seja e de que banda for. Como em Portugal os discos continuam a ser vendidos a preço de ouro, foi na Bélgica que saciei a minha vontade de ouvir as várias Peel Sessions dos Mogwai [programa de rádio do carismático radialista John Peel (1939-2004)]. Na verdade, «Government Commissions» não nos oferece nada de novo. Todas as composições apresentadas foram originalmente editadas em LP ou EP da banda. Todavia, são os próprios Mogwai que afirmam ter gravado alguns dos seus melhores takes nas inúmeras sessões para a BBC. Razão pela qual decidiram juntar algumas dessas mesmas gravações num álbum que acabaria por homenagear um dos seus maiores seguidores, John Peel (que abre o álbum a anunciar mais uma prestação da banda nos estúdios BBC). Setenta minutos de música divididos por dez temas que mostram quase todas as facetas destes escoceses. Porém, são os temas mais antigos que acabam por se safar melhor. «Superheros Of BMX», originalmente editado em «4 Satin EP» (1997), e «R U Still In 2 It», do debut álbum «Young Team» (1997), apresentam uma sonoridade mais solta e revigorante, acabando por lhes dar uma roupagem nova e justificando as suas presenças no disco. Por sua vez «Hunted By A Freak», de «Happy Songs For Happy People» (2003), acaba por não se adaptar muito bem ao espaço, perdendo algum do esplendor revelado em disco. «Kappa» e «Cody», de «Come On Die Young» (1999), cumprem as suas tarefas. No entanto, os dezoito minutos de «Like Herod», original de «Young Team», arrastam-nos para um dispensável e maçador crescendo de som e feedback que, dependendo do ponto de vista, tanto pode dignificar a criatividade e o espírito rockeiro dos Mogwai como menosprezar a sua imagem, evidenciando uma banda chatíssima. Contudo, para quem segue a banda de Stuart Braithwaite e Dominic Aitchison, «Government Commissions BBC Sessions 1996-2003» pode ser um excelente cartão de visita para o melhor e o pior dos Mogwai.
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A última aposta com o selo da cidade de Bruxelas foi o álbum de estreia do duo francês Justice. Confesso que o baixíssimo preço foi a principal razão para a compra. O que, até então, conhecia dos Justice era o soberbo single «D.A.N.C.E.». Um autêntico toucinho-do-céu que se deglute em quatro escassos minutos e que nos deixa sempre a vontade de repetir. No entanto, e após cuidada audição a «», percebi que conhecia mais dos Justice do que eu pensava. Para além do toucinho-do-céu, encontramos uma deliciosa mousse de chocolate banhada por uma irresistível adega velha em «DVNO», um singular doce da casa que dá pelo nome de «Genesis», um ensopado brigadeiro em «Phantom» e um molotov (que é só para quem gosta) com a densa «Waters Of Nazareth». «» é, assim, um autêntico banquete de doces que não se aconselha a hiperglicémicos. Todavia, e como o fruto proibido é sempre o mais apetecido, será muito difícil resistir a esta «cruz» dos Justice.
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Para terminar deixo em alta rotação o extraordinário vídeo de «D.A.N.C.E.», dos franceses Justice.
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quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Oasis | I’m Outta Time

Voltei a acreditar nos irmãos Gallagher quando ouvi «The Importance Of Being Idle», o segundo single de «Don't Believe The Truth» (álbum de 2005). Depois de dez anos algo confrangedores os Oasis mostravam, finalmente, sinais de crescimento e esperança. A banda apresentava-se mais sólida e a sonoridade era mais autêntica e «Don't Believe The Truth» acabou por ser uma das grandes surpresas de 2005. Quando surgiu «The Shock Of The Lightning», primeiro single de «Dig Out Your Soul», percebi que «Don't Believe The Truth» não tinha sido um mero acaso. Os Oasis estão vivos e recomendam-se. Razão pela qual deixo aqui «I’m Outta Time», o segundo single do mais recente álbum de originais e uma homenagem de Liam Gallagher ao génio de John Lennon.
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quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Kings Of Leon | Use Somebody

«Use Somebody» é o segundo single de «Only By The Night», o quarto álbum de originais dos norte-americanos Kings Of Leon. É certo que o disco está uns pontos abaixo dos primeiros três registos, mas a música da família Followill continua a cativar.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Empire Of The Sun | Walking On A Dream

«Walking On A Dream», do duo australiano Empire Of The Sun, é o meu mais recente vicío musical. Constituidos em 2007 por Luke Steele, dos The Sleepy Jackson, e Nick Littlemore, dos Pnau, «Walking On A Dream» é o primeiro single da banda e o título do álbum de estreia que acaba de ser lançado no mercado internacional. Pela amostra percebemos que estamos perante mais uma excelente proposta da electrónica australiana. O vídeo promocional é gravado em Xangai e realizado por Josh Logue.

domingo, 2 de novembro de 2008

CSS no Coliseu

Confesso que estava com algumas expectativas em relação ao concerto dos brasileiros Cansei de Ser Sexy. Os testemunhos da primeira passagem da banda por Lisboa, em Abril de 2007, com dois concertos esgotadíssimos no Lux, eram bastante animadores e apesar do menor «Donkey», o segundo álbum de originais, «CSS», o debut para o mercado internacional, continua a ser um dos discos mais ouvidos no local de trabalho. A pop colorida e despretensiosa de «CSS» é de fácil apreensão e o festim low-tech é uma mais valia que além de me dar bastante gozo, surpreendentemente é muito bem recebido pelos ouvintes RFM. Desta forma, foi com satisfação que me desloquei ao Coliseu de Lisboa para assistir a um espectáculo que, desde o último Optimus Alive!08, ainda tinha atravessado na garganta.
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Aquando da passagem dos X-Wife pelo palco do Coliseu, o recinto encontrava-se perto de «estar às moscas». Pressenti o pior, pois não bastasse a crise financeira que chega a todos, nos dias que correm a maior oferta das promotoras de espectáculos leva a que alguns concertos não tenham a audiência desejada. Contudo, durante a animada actuação dos X-Wife os espaços lá foram ficando um pouco mais preenchidos e depois de uma set list escolhida a dedo por João «DJ Kitten» Vieira e companhia o Coliseu já tinha melhores condições para receber os CSS. Quanto aos X-Wife, uma das bandas mais entusiásticas da música portuguesa, subiram ao palco para apresentar o novo «Are You Ready For The Blackout?», mas foram os singles (principalmente os dos dois primeiros álbuns) que mais brilharam. Temas como «Eno», «Ping-Pong», «Rockin’ Rio» e «On The Radio» têm energia para dar e vender, mas confesso que os inúmeros falsetes de João Viera cansam-me e o trio deixou o palco na altura certa.
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Chegava a hora de Lovefoxxx espalhar sedução e glamour num palco repleto de balões e com duas grandes donkey-heads de espelhos penduradas no tecto do palco principal. «Jager Yoga», tema que abriu as hostilidades, parecia o manifesto perfeito para a ocasião: ritmo alto e propício para as habituais e compassadas palmas do público, uma linha de baixo pulsante, riffs certeiros que alternam com os inevitáveis sintetizadores e um refrão que não podia ser mais apropriado («We didn’t come into the world / To walk around / We came here to take you out / Come with us, we’ll make a toast»). «Meeting Paris Hilton» e «This Month, Day 10», do debut «CSS», vieram logo de seguida e o público deu os primeiros sinais de entusiasmo global ao som da funny pop que celebrizou o grupo de São Paulo. No entanto, e apesar da adesão do público ao autêntico «carrossel alegria de som e imagem» que é o espectáculo dos CSS, a postura de Lovefoxxx, que melosamente foi transmitindo um forçado sentimento de satisfação em estar de novo em Lisboa, não me pareceu a mais calorosa. Também senti que algum trabalho de sound-checking ficou por fazer, pois raramente se conseguiu perceber as palavras da vocalista. Entretanto, os temas de primeiro «CSS» («Off The Hook», «Alcohol» e «Music Is My Hot, Hot Sex») foram intercalando com os novos e mais fraquinhos de «Donkey» («Left Behind», «Rat Is Dead (Rage)», «Move», «Give Up», «I Fly» e «Let’s Reggae All Night»). Para o encore e mostrando o melhor que se viu e ouviu na passada noite de vinte e oito de Outubro a banda escolheu a extraordinária sequência «Air Painter», «Let's Make Love And Listen To Death Above» e «Alala». O espectáculo foi curto, mas festivo. Contudo, a irregularidade das propostas musicais é evidente e dadas as circunstâncias, fiquei um pouco desiludido.
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Para fechar em grande recupero o sucesso «Let's Make Love And Listen To Death From Above».
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